Reconstruir-se dos escombros do fascismo. A Revolução dos Cravos nos manuais portugueses de história do 9.º ano (1975-2023)
DOI:
https://doi.org/10.31637/epsir-2025-1181Palabras clave:
Revolução dos Cravos, Fascismo, democracia, ensino da história, manuais escolares, instrumentalização, ideologia, descolonizaçãoResumen
Introdução: Em Portugal, a Revolução dos Cravos marcou o fim de uma longa ditadura e do império colonial, abrindo caminho à democracia. Por outro lado, ditou o fim do “livro único” nas escolas. Metodologia: Este artigo faz uso de uma metodologia comparativa e qualitativa, analisando manuais de História do 9.º ano, última ocasião em que esta disciplina é lecionada a todos os alunos ao longo do seu percurso escolar (incluindo a Revolução de Abril). Resultados: Os manuais escolares são um poderoso instrumento na formação (ideológica) dos mais jovens nos diversos regimes políticos. Neste sentido, esta análise é fundamental, uma vez que permite radiografar um processo mediado pelo poder político, pela sociedade e por diversos grupos de pressão, além da própria tradição. Discussão: Partindo de 1975 até aos mais recentes manuais, publicados em 2023, discutem-se as diferentes visões que a revolução inspirou, tendo presente o período final da ditadura, o papel dos militares e dos partidos na Revolução, o “Verão Quente” e o 25 de Novembro, assim como as mais recentes indicações normativas que contemplam o regresso dos chamados “retornados” e as independências em África. Conclusões: Verificou-se uma evolução nos conteúdos apresentados: formulação, número de páginas, processos e protagonistas.
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